Plataforma 15 de Outubro: extingam-se enquanto é tempo

Rui Cruz
Criado a

Esta é a minha opinião pessoal e nunca como membro de qualquer movimento partidário ou grupo activista. São por isso imputadas responsabilidades desta mensagem apenas e só a mim como pessoa.

 

15 de Outubro

Foto: 5 dias

Recebe novos posts por e-mail

Após as manifestações de 15 de Outubro e 24 de Novembro do ano passado, debrucei-me sob o estudo de uma plataforma que ganhava força em Lisboa: Plataforma 15 de Outubro.
Tinha ouvido falar da organização das manifestações com o impulso internacional e reconheci que era uma força de poder físico a temer pela classe política. Assim foi o seu papel durante alguns meses, onde o mainstream lhes dedicava algum tempo de antena e os activistas convergiam numa palavra de ordem: 15O!

E assim continuou a ser após a minha primeira intervenção que iria até hoje e provavelmente até ao futuro, embora já o tenha esclarecido aqui, sobre a minha afiliação partidária e a minha, cito em tom de réplica de pessoas que não me recordo do nome, “percentagem de fascismo no sangue”. Mas os nomes não são importantes.
O que é importante é dizer que, naquele dia, a minha intervenção foi desastrosa. A falta de poder na oratória e da preparação fizeram com que as minhas palavras, não de união mas sim de tentar não escalar a confusão com grupos de extrema que se intrometeram na manifestação, fossem entendidas de outra forma.

Sobrevivi aos acontecimentos ileso e frequentei, não digo muitas vezes mas algumas, os plenários. Soube, por conversas entre amigos, que em tempos a Casa do Brasil, local que abrigava as reuniões da plataforma, estava cheia de pessoas no ano passado. Este ano os plenários faziam notar cadeiras vazias. Deixei de frequentar principalmente desde que fui constituído arguido de um processo do qual ainda não posso falar.
Na altura embora o medo não fosse o meu guia, era sobretudo um tempo em que deixei de continuar os meus estudos escolares e debrucei-me mais a uma fase introspectiva da minha vida, onde a cautela e a vontade de singrar em determinados aspectos tomaram por completo a minha vida.

Nem por isso deixei de acompanhar o desenvolvimento da plataforma, a meu ver a cair a pique, e ao longo dos tempos tornei-me mais interventivo na mailing list interna.

Há uma semana e meia envolvi-me numa acesa discussão com um membro da plataforma (mas, a falar em forma pessoal, acredito eu) onde fui ameaçado de violência física e levei com muito disparate vindo de quem aos poucos ficou sem argumentos.

Já nessa altura tinha  posição mental da iminente desmantelação desta corja a que continuavam a ousar chamar de plataforma democrática. Os últimos acontecimentos entre eles a criação e recolha de assinaturas do Movimento Partidário MAS que resultou na queda mais assentuada (por coincidência ounão) das actividades da plataforma, ditavam esse o rumo a tomar.
Atenção que no 15O existem bons activistas. Não tantos quanto os necessários para fazer valer a pena tentar a mudança por dentro.

Foi naquele momento, da ameaça, em que deitei cá para fora o acumular de meses de desconfiança, semanas de certeza e dias de tristeza: a plataforma apelidada de democrática aprovava comunicados e apoios sem consenso de plenários, a plataforma era uma gaiola anti-democrática onde se prendiam os pássaros da esquerda desunida e perdida com a sede de poder. Foi também esta a primeira vez que me coloquei “ao ataque” a quem quer que seja, na maioria dos casos como activista limito-me a dar uma opinião.

Basta olhar para o site do 15O, e ver que foram emitidos vários comunicados sem um plenário. Basta olhar para a criação do MAS e desde a sua criação para a actividade “física” da Plataforma 15O que é praticamente nula.

Assim, é ao dia de hoje a minha opinião pessoal que para bem da actividade de qualquer activista e para bem da continuidade da luta contra as medidas deste governo e do anterior, é fundamental que esta plataforma tome dois rumos: o da extinção imediata e da concentração de esforços nas suas ideias políticas ou o da abertura e diálogo para um renascimento desta ou de outra plataforma verdadeiramente democrática e cujo “comité central” não sejam sempre os mesmos no seu jogo anti-democrático habitual. É por este último ponto que irei continuar a participar nela.

Até que me farte.

 

Rui