Na Plataforma 15 de Outubro: … nem sei o que dizer
Rui Cruz
Como ativista assumido, tento fazer com que a minha participação seja mais pela Internet, mas hoje decidi aventurar-me a sair da sombra e a apresentar-me fisicamente a uma assembleia popular. Foi um erro e estou desiludido, confesso.
À chegada foi pacífica, 30 pessoas, passaram mais tarde a cerca de 45. Sentei-me e vi algumas caras conhecidas já destas lides, como os Precários Inflexíveis e outros.
Acho que 80% das pessoas falaram. Aliás, digo-vos, nunca vi grupo tão ativo como este, tomara que a todos os sítios onde eu vou fossem assim.
Recebe novos posts por e-mail
A minha intervenção foi baseada em três factos:
- consolidar todos os movimentos como o ponto 2 da proposta de continuidade da plataforma indica, e não dizer que “não se apoiam movimentos X”, como foi dito na Assembleia da República após a marcha desde o Marquês de Pombal, convidando-os a ficarem com o movimento ordeiramente (já que haviam conflitos anteriores nesse mesmo dia) mas sabendo que muito provavelmente não o iriam fazer
- alterar o nome da plataforma, uma vez que “Plataforma 15 de Outubro” significa que quando estivermos em 2014 fica estranho falarem numa data como símbolo de uma democracia, correndo até o risco do pessoal mais novo dizer “mas Outubro de que ano”
- e desse nome fazer marca registada, por forma a ter direitos legais como o direito de resposta aos media, entre outros.
Ora, o meu primeiro ponto foi o ponto alto do dia, criticado nas intervenções seguintes. Seguiram-se 5 ataques pessoais ao meu nome ou pessoa, onde por duas vezes me disseram basicamente que se não me identificava com o que ELES (indivíduos, pessoas,) diziam, para sair.
Noto por exemplo a ironia de uma pessoa que está ligada à plataforma dizer na mesma intervenção “isto não é um movimento de cariz fascista” e “o importante é sermos democráticos”.
Outra, já mais velha e que não pertence tanto quanto eu sei a qualquer grupo na plataforma, disse a certa altura que “os erradicava da face da terra” (referindo-se aos nacionalistas/fascistas).
Em ambos os casos e tantos outros passados, a mesa esteve serena e não interrompeu ninguém. Mesmo depois do último exemplo que dei ter desrespeitado princípios tão fundamentais como os da Declaração Universal dos Direitos do Homem, nos artigos 1º, 3º, entre outros. Nem aí alguém se impôs e colocou ordem ou pediu a remoção dessa pessoa. No entanto, o “Rui Cruz o nacionalista” pôde ser criticado por todos.
Já estava de saída há muito tempo, mas houveram dois fatores que me prenderam: uma pessoa que me chamou e outra que ficou a conversar comigo. Nem toda a gente ali faz um mau trabalho ou diz coisas como aquelas, acredito que a maioria de quem lá está seja para mudar para positivo o nosso país. Mas à moda do Português, encontramos sempre os maiores defeitos nas coisas do contra. Sim, estou-me a incluir a mim no mau Português.
Tive que ser eu, atacado pessoalmente por 5 membros participantes no plenário, a pedir à mesa tempo de antena para resposta direta. Mesmo assim, chegado o momento, ainda debateram pela sala toda por 30 segundos para “ver” se eu tinha direito. E tive, felizmente.
Defendi-me como podia. Disse o que não tinha que dizer e expliquei a minha vida pessoal e ideologias: afirmei-me como não nacionalista. Podia ser, podia não ser, mas não tinha que me afirmar nem que provar nada a ninguém.
É lamentável o estado da democracia – ou da falta dela – que chegou até a este tipo de movimentos.
Certo é que vou continuar a frequentar o 15O ate me deixarem (ou pelo menos a apoiar, porque isso não me podem proibir) mas também irei combater toda a anti-democracia lá existente.
Quando saí de lá não chorava, nem ria. Simplesmente não tinha palavras. Aquilo não podia estar a acontecer. Mas aconteceu.
E agora vocês perguntam… falaram ou debateram a mudança de nome ou o registo de marca? A resposta parece óbvia.
Rui
PS: acompanhem este thread no meu Facebook