As touradas, as Festas Populares do Pinhal Novo e os Bombeiros do Pinhal Novo
Moro no Pinhal Novo. E não gosto de touradas. As Festas Populares do Pinhal Novo têm touradas e largadas.Houston, we have a problem...

Rui Cruz
Touradas. Festas Populares do Pinhal Novo. Bombeiros do Pinhal Novo. Três assuntos dos quais conheço (uns melhores que outros) que têm em comum uma revolta pela preservação da vida, que durante vários anos deixei “passar em branco”.
Em 2014 fotografei uma manifestação organizada por algumas pessoas contra as touradas que se realizam todos os anos nas Festas Populares do Pinhal Novo. A manifestação ocorreu na parte traseira do quartel dos bombeiros em frente à praça de touros amovível que todos os anos ali se situa. Isto a um minuto e meio a pé da minha casa.
Durante essa manifestação, vi forcados que se estavam a “vestir” dentro do quartel dos bombeiros a insultarem manifestantes. Nada disto me fez sentido até ver esta notícia publicada em Março onde o antigo comandante dos Bombeiros do Pinhal Novo se assume também como pertencente à Associação das Festas Populares do Pinhal Novo.
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O problema
Para qualquer pessoa de bem, denota-se um claro conflito de interesses entre as duas funções, nomeadamente pela instituição de Bombeiros Voluntários acolher a pedido das Festas Populares o apoio aos forcados e por estarmos, na prática, a falar do mesmo “homem” que faz a tomada de decisão em ambos os pontos.
Depois, porque me custa acreditar que os Bombeiros do Pinhal Novo se resumam a ter “como objetivo principal a proteção de pessoas e bens”. E os animais? E os touros? Pelos vistos, não são pessoas.
Acontece que o problema de incompatibilidade já não ocorre. O “El Comandante”, isto é, o “el comandante dos bombeiros e das festas”, já não é Comandante dos Bombeiros. Os Bombeiros estão numa posição de alteração de mentalidades como há anos que não o podiam fazer. Apoiar quem apoia touros é apoiar o massacre animal. Linkar a textos ou estudos, ou até mesmo aos relatórios do IGAC que diz<em que as touradas estão a cair a pique é desnecessário, pois isto é senso comum.
As Festas Populares…
Quanto às Festas Populares do Pinhal Novo, acho que remar contra a maré da “tradição” ainda é demasiado cedo. Escusado será dizer que consumo o mínimo, que não invisto um cêntimo em publicidade nem recomendo empresas a fazê-lo. Porque moro no Pinhal Novo e sou contra touradas, pareço um extraterrestre nesta vila. Não se preocupem, estou habituado.
Mas, se quiserem aproveitar este artigo e fazer alguma coisa para chatear as Festas Populares do Pinhal Novo, aqui ficam os nomes e moradas dos seus responsáveis:
- Armando Augusto Dias, Rua Comandante Francisco Joaquim Batista, LT 69, Pinhal Novo
- Herlânder do Carmo Vinagre, rua Samuel Lupi Santos Jorge, LT 89/90/, 1º Esq.º, Pinhal Novo
- João André Silva Ezequiel, Rua Zeca Afonso, LT 150, Pinhal Novo
São estas as pessoas que compõem a Associação das Festas Populares do Pinhal Novo, como Presidente, Vice-Presidente e Tesoureiro, respetivamente.
Recados habituais
Aos cidadãos do Pinhal Novo, deixo a nota de que a associação tem os estatutos tão blindados que neles constam que “[a] admissão de novos associados (…) deve ser proposta, no mínimo, por um outro associado”, para garantir que as coisas se mantém sempre as mesmas, sem alterações ou “takeovers” por partes alheias. Tiro-lhes o chapéu pela ideia, mas é muito ao estilo Salazarista.
Aos Bombeiros do Pinhal Novo, aos quais vou fazer chegar cópia deste post, vou pedir-lhes encarecidamente que quando se falar de “vida por vida” não se inclua apenas a humana (ou se exclua apenas a animal) no contexto do puro divertimento. É por isso lógico pedir-lhes que, como objecção de consciência, recusem ajudar, directa ou indirectamente, toureiros, forcados ou outros da referida actividade que pela colaboração com os Bombeiros, directa ou indirecta, causem qualquer tipo de sofrimento a um animal por puro divertimento.
E por último, as Festas Populares do Pinhal Novo, deixar a simples mensagem de que vou estar atento. Vou andar à procura das autorizações camararias, do IGAC, da licença para ruído, de tudo. E, se algo não estiver na mais pura das legalidades, como cidadão, irei dirigir-me à GNR e apresentar a queixa devida. O que a GNR irá ou não fazer, a tempo ou não, será depois outro caso à parte. Porque todos sabemos como certas forças de segurança facilitam a falta de legalidade em prol da população local.
Obrigado por lerem. Sei que foi uma coisa muito comprida. 🙂
Rui