Liberalização dos domínios .PT: a forma mais desastrosa de mostrar Portugal na Internet
Rui Cruz
Portugal mostra-se à Internet com os domínios .pt, tal como este site. Na realidade, mostramos a vergonha nacional na gestão e otimização dos recursos, que comparados com sucessos internacionais, é desastrosa.
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A DNS.PT é da FCCN, que é uma instituição privada sem fins lucrativos designada de utilidade pública. Mas que utilidade tem uma empresa de utilidade pública, passo a redundância, que apenas trás má fama à Internet em Portugal?
Já anteriormente a DNS.PT teve menção pouco honrosa neste blog, nomeadamente aqui e aqui. Ainda noutro contexto, foi noticiado em Dezembro de 2010 que a DNS.PT teria sido atacada por hackers e teria assim os seus sistemas vulneráveis. A prova foi publicada também no meu site pois já na altura era informado destas coisas pelo Tugaleaks, tal como mostra este belo print:
Dia 29 de Fevereiro para 1 de Março foi novamente o caos tecnológico devido à necessidade de atualização do sistema para as regras do sunrise. O sistema deles foi programado para manutenção das 21h as 00h e na verdade só voltou cerca das 01h30m do dia seguinte.
Na realidade, esta liberalização é má por três motivos
- Retira credulidade: antigamente uma pessoa a querer registar um .PT tinha que ser ENI (Empresário em Nome Individual) como eu sou ou fazer o registo de uma marca. Ambas as coisas custam dinheiro e demonstravam um esforço acrescido em ter algo nacional pelo valor da “marca” de um domínio com terminação. PT, ao passo de que hoje em dia qualquer um pode registar um domínio.
- Demasiados “se” e demasiada incerteza: no artigo 9º das regras (link das regras, obrigado à PTServidor) existem demasiados contornos que devem ser esclarecidos, como o “Corresponder a qualquer domínio de topo da Internet, existente ou em vias de criaçã” (será que o cliente tem que ser médium?), o ” nomes que induzam em erro ou confusão sobre a sua titularidade” (toda a gente regista domínios “tipo” em todo o lado, menos nos .PT), ou o ” Corresponder a palavras ou expressões contrárias à lei, à ordem pública ou bons costume” (se registar o Anonymous.pt será que é contra a lei por alguns os considerarem criminosos?)? E note-se que quem define isto é a FCCN, havendo caso não se concorde uma outra autoridade que faz a gestão dos conflitos.
- Falta de competitividade: esta medida não torna por si os domínios .PT competitivos, já que custam cerca de 3 vezes mais do que os .COM e outros domínios de países como o .US.
Afinal, para quê a liberalização? Para mostrar ao mundo que Portugal não faz nada tecnologicamente como deve ser na Internet quando empresas de “utilidade pública” não são verdadeiramente úteis. É claro que mostrar isto no estrangeiro é sim uma novidade, porque em Portugal e quem lê o meu blog já sabe disso há bastante tempo.
Rui