Não deixes que as pessoas passem as quadras festivas sozinhas

Rui Cruz
Criado a

Este texto era para ser publicado antes do Natal. Mas eu não sou ninguém para dar conselhos. Em vez disso preferi publicar após as quadras festivas, para quem se identificar com ele possa fazer melhor para a próxima.

Todos nós conhecemos alguém que por um motivo ou por outro motivo não passa o Natal em família ou o ano novo. Ou porque a família mais próxima faleceu, ou porque não se dá com essa mesma família ou ainda porque é anti-social ao ponto de não gostar dessas quadras festivas. Há outros casos ainda mais graves, como os sem abrigo e as pessoas rejeitadas, liminarmente, pela família.
Ou seja, para algumas pessoas esta é a época mais feliz do ano. Para outras, é precisamente o contrário: é o lembrete de que todos os outros têm família e amigos menos algumas pessoas. Felizmente, uma minoria.

Não é preciso andarmos muito para encontrarmos alguém nesta situação.

É nesta altura do ano que, em vez do consumismo abrupto e infernal, devemos sentir a necessidade de fazer a diferença. E se conhecermos alguém que vai passar a quadra festiva sozinha, devemos convidar essa pessoa para fazer parte da nossa família. Porque família não é aquela que tem o mesmo sangue, são aqueles com quem ao longo do ano pensamos que são os nossos irmãos e irmãs de coração. São aqueles leais, que criam laços de amizade tão forte que transcendem a família biológica com as quais nem sempre há esses laços.

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É importante demonstrarmos, como sociedade, que nos preocupamos com os outros. Genuinamente. Não apenas porque é bonito, mas porque é a coisa certa a fazer.

Para essas pessoas, os anúncios cheios de felicidade, as pessoas às compras, o desejar feliz Natal ou bom ano novo, causa uma miséria interior que corrompe a cada minuto que passa. Isso, torna as pessoas miseráveis no resto do ano. Não porque querem, mas porque se lembram da experiência. E porque não a querem repetir.

É preciso um esforço muito pequeno para encontrarmos alguém nestas condições e mudarmos a vida dessa pessoa. Não interessa se ela vai aceitar, interessa mais a preocupação que alguém inesperado tem para com ela.

Embora eu seja um rezingão que digo mal do Natal e da passagem de ano, este ano em particular aprendi uma lição mais do que valiosa sobre esta quadra festiva. Sobre companhia, sobre amizade e sobre lealdade. E mesmo antes de aprender essa lição já tinha este post, pronto a publicar, porque achei que este ano era importante mencionar como as pessoas podem perder-se na podridão por um gesto tão simples quanto a comemoração de duas datas festivas.

Alias, tenho uns 40 posts no meu blog como “draft”, sempre à espera do momento certo. E hoje foi o momento certo de publicar este texto.

 

Obrigado por leres e bom 2020.

Rui