O medo da segmentação
Rui Cruz
Este artigo foi escrito por Joao Paulo, parece que além de ser designer, também é escritor e bem falado em marketing
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Para aqueles que já trabalham por conta própria, sejam ou não freelancers, vocês acabam por cair na tentação de querer vender ou fornecer todo o tipo de serviços e querer fazer tudo e mais alguma coisa?
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É fácil cair nessa malha, foi isso que eu também quis fazer quando comecei, oferecer-me a mim como a solução para mil e um problemas, porque eu queria fazer tudo, desde design gráfico, logotipo, identidade, web design, ilustração, revisão gramatical e ortografia, tudo aquilo com que eu conseguisse ganhar alguns trocos.
Eu pensava que esta abordagem me ia trazer mais clientes. Realmente, eu andei bem ocupado a pensar em todo o tipo de coisas que podia fazer, e a tentar encontrar certo tipo de clientes para esses serviços. Mas estar ocupado com isto é muito diferente de ser bem sucedido. Como eu queria fazer muita coisa, acabava por não conseguir ser bom em nada, e medíocre em tudo, e assim não era capaz de convencer ninguém que eu era um expert, e portanto, ninguém me estava disposto a pagar aquilo que eu valia.
Só que ainda assim, como é parte do ser humano ser um bocado resistente à mudança, eu estava com medo de abandonar esta vertente, e de continuar a querer fazer tudo. Isto é completamente irracional, pois é, e se alguma coisa não funciona, temos que a mudar até funcionar. As perguntas que eu fazia a mim próprio eram, e se apenas uma ou duas especialidades (em vez de várias) não funcionarem? E se eu não conseguir ser um dos melhores nessa área? E se eu ficasse aborrecido ao fazer só um ou dois serviços (por exemplo design do logotipo)? Estas perguntas andavam-me a martirizar a cabeça e eu estava hesitante em fazer seja o que for.
Lá acabei por decidir reduzir o tipo de serviços que eu fazia para um ou dois serviços principais. Comecei só a falar do logotipo, ou de identidade/marketing no geral para com as pessoas com quem eu lidava. Ora, o que é que isto faz? Isto faz com que os clientes nos vejam a nós, pelo menos mais fácilmente, como pessoas entendidas no nosso segmento do mercado, e como alguém que se dedica exclusivamente áquilo que eles querem, em vez de tentar fazer malabarismo de serviços com a esperança que alguém caia na rede.
Ao reduzir o tipo de serviços que fazemos, temos a oportunidade de nos concentrarmos neles, o que, com o tempo, prática e experiência, faz com que ganhemos aptidão suficiente para sermos bons naquilo que fazemos. Há um post interessante que eu escrevi sobre este mesmo assunto, dêem uma olhada (e depois voltem para continuar a ler este post): a prática faz a perfeição.
E lá por reduzirmos os nossos serviços, não quer dizer que nunca mais façamos o outro tipo de trabalho que fazíamos dantes, posso só concentrar-me no logotipo, mas por exemplo, ainda faço outro tipo de trabalhos, porque tendo um cliente que quer um logo, é mais fácil vender-lhe outros serviços, como por exemplo, um site, catálogos para campanhas sazonais, e por aí.
Concluindo, em vez de tentar fazer tudo, e não ser bom a nada, se isso de momento não estiver a funcionar para vocês, experimentem segmentar-se numa área ou duas apenas, porque isto pode-vos ajudar a fazer passar aquela imagem de especialista para os clientes, e assim consegue-se dedicar mais tempo para resolver certos problemas específicos a esse segmento enquanto nos tornamos melhores naquilo que fazemos.
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