O Pedro e a Carolina: uma história de amor com um final demasiado triste

Rui Cruz
Criado a

O Pedro canta e criou uma editora. A Carolina era bailarina e deixava-me pregado ao ecrã a ver os seus vídeos. Nunca os conheci. Mas infelizmente não vou poder conhecer um deles.

 

Nota prévia: segue os links, vale, a pena

O Reflect, é um músico de hiphop Português. Acompanho o Reflect há pelo menos seis anos. Num certo dia, na página de Facebook do Tugaleaks, encontrei um tal de Pedro Pinto a enviar-me um vídeo que ele tinha feito… associei um mais um.

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O Pedro era o Reflect. Um dos meus ídolos e referência de hiphop dos meus tempos de escola veio “esbarrar” no meu cantinho de informação e ainda por cima enviou-me um som que eu não conhecia. Ouro sobre azul, adicionei-o e acompanhei-o mais de perto.

Foi aí que conheci a Carolina. Ao início era apenas um nome, mas depois de ver uns vídeos dela passei a ser fã. Muito natural, muita “técnica” e de prender a pessoa até ao último minuto.

É por isso que hoje venho-vos contar, do pouco que sei, a história vista por mim de duas pessoas que nunca conheci e que admirei por diferentes razões. A história, ao contrário do dia 14 de Fevereiro, tem um sinal triste. Porque a Carolina já não vou conhecer porque não está entre nós.

 

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“A Carolina Tendon deixou-nos durante o sono, na noite de 9 para 10 de Fevereiro de 2014, quando nada o faria prever” diz um evento marcado para hoje à tarde na Praia da Rocha. É um “até já”, e não um “adeus”. Quando vi isto (vale mesmo a pena ver este link), escrito por quem escreve e me deixa preso às palavras até ao fim de todas as frases, fiquei por momentos parado. Eu sabia quem eles eram, não eram meras pessoas ou números. Eu não estava indiferente.

Continuei a pesquisar. Li, na madrugada de quarta para quinta, todos os posts que estavam no mural de cada um. Nenhum dizia mal dela. Nenhum tinha ódio. Sim, porque há pessoas que não conseguem gerar ódio para com os outros. Penso tratar-se do caso.

O Pedro lançou um álbum no ano passado. Nos primeiros segundos recordava uma música antiga dele que dizia “por isso quando ao céu chegar, já tenho uma história para contar”. A última música tem o título “Vi morrer um verso”. Parei mais uma vez. Eu não acredito no destino, acho que cada um faz o seu, mas achei uma sombria coincidência. Mas esta relação que apanhei em poucos segundos arrepiou-me.

Pela madrugada dentro, chorei. Não por eles em específico mas porque percebi, porque talvez já me tivesse esquecido, que a vida é preciosa e que devemos aproveita-la ao máximo enquanto a temos. Já não chorava há anos.

Queria partilhar esta história. E acima de tudo queria escreve-la, para quando passar aqui no próximo ano, me lembrar que o meu dia dos namorados ficará nem que seja no subconsciente marcado por esta história.

O Pedro já tinha uma história e uma outra história. Esta é mais outra história. Desejo-te que as histórias seguintes sejam melhores.

 

Um abraço deste gajo que não conheces de lado nenhum e que marcaste sem sequer te aperceberes.
Os meus sentimentos e muita força.

A quem for ler isto e que em nada se identifica com o que escrevi, simplesmente desejo um bom dia dos namorados.

Rui

 

Vi morrer um verso numa folha ignorado
Vi nascer o vazio a cada poema calado
Fiquei sem respirar, desamparado no chão
A contar estrelas reflectidas numa estrada de alcatrão
Sinto olhares da janela a somar cacos do que fora
E esta soma negativa inspira gente lutadora
Foco o pouco que ainda vejo, o que avisto não me agrada
Vi crianças serem homens numa rua que se degrada
O mundo não mudou, ainda condena quem tenta
Vejo ganância e interesses benzidos com água-benta
Vi o mundo a metade, tiro o chapéu e vejo o resto
Nem viste metade do meu mundo e anuncias que eu não presto
Enquanto pisas uma flor, há uma nova que germina
Se não sabes para onde vais, esta rua não termina
Ainda tenho o mesmo sonho, desde pequeno que me conforta
Hei de voar em colorido até ser uma pessoa morta.