Quem anda à chuva da imprensa molha-se no ridículo
Rui Cruz
Imprensa. Aquele bichinho que raramente faz algo bem feito. Tenho orgulho em conhecer bons jornalistas. E quando os movimentos activistas falam com maus jornalistas… é o que se vê.
Como responsável editorial do Tugaleaks cabe-me não só seleccionar o tipo de conteúdo a publicar no site mas também as fontes que temos. Nestes últimos dias vi dois exemplos dos media a falarem de movimentos que fizeram exactamente o oposto: tornar a coisa no ridículo e descredibiliza-la. E tenho a lamentar os movimentos não falarem com o Tugaleaks.
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O primeiro exemplo aconteceu na casa ocupada em São Lázaro, Lisboa. Parece que alguém dessa casa que ainda não consegui identificar foi falar com os media. Resultado: polícia municipal à porta.
Falar com os media neste caso torna as coisas bastante piores, porque eles são uns “ratos” e os maus jornalistas vão por tudo num dos olhos de um tal sub intendente da Polícia Municipal (talvez até aquele envolvido nos problemas na Acampada Rossio do ano passado, não sei honestamente) ou de outra pessoa qualquer. O que é facto é que apareceu lá a PM rápidamente.
Enfim, aos ocupantes da casa ocupada em solidariedade com a Es.Col.A foram dados 10 dias para sair.
Outro exemplo foi o da uma pessoa do Movimento Sem Emprego ter sido constituída arguido. Arguido foi o que eu li porque na verdade é uma arguida. Falei com o Renato Teixeira autor do Blog 5dias – um blog de opiniões e que transmite alguma verdade ocasional pelos seus editores – através de uma indirecta a perguntar se “havia entrevista”.
Afinal, soube pelos media, que tinha sido uma pessoa que até é minha amiga no Facebook, a Ana Rajado, que também se a memória não me falha organizou manifestações pela Plataforma 15O.
Ao falarem para os media, começaram a notícia como Movimento Sem Trabalho, um erro crasso de quem não acompanha estes movimentos minimamente. Mais à frente colocam Movimento Sem Emprego. Existem pela notícia outras incoerências e meias verdades.
Ora, nestas duas situações se tivessem falado comigo ou com outro membro do Tugaleaks – se souberem quem são os outros – teriam não só um post como deve ser no Tugaleaks mas também a passagem da informação, que em tempos foi “única e exclusiva” a pessoas que não são “redactores de Internet” mas sim “jornalistas de investigação”.
Assim se define a qualidade jornalística, onde eu tenho o orgulho de conhecer pessoas que falam Português e ainda conseguem fazer investigação jornalística de jeito em Portugal.
Nestas duas situações aconteceu a falta de confiança num movimento único de activismo pela Internet em Portugal que expõe corrupção, verdades escondidas e acompanha os movimentos que ao que parecem não querem ser acompanhados.
Lamento. Respeito. Mas no futuro, se me contactarem pessoalmente, não deixam de levar na cabeça pelo que fizeram. Afinal, acho que em ambos os casos já deu para ver que levaram na cabeça, psicologicamente: assistiram a um mau jornalismo com o seu nome e/ou causa ao barulho.
Rui
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UPDATE 01/05/2012 23h: o MSE aqui visado já entrou em contacto comigo para dialogar um acompanhamento mais próximo pelo Tugaleaks a este movimento.