Só não trabalha quem não quer

Rui Cruz
Criado a

Eu sou do tipo de pessoa a quem não se pode dizer que não arranja trabalho e se queixa muito sobre isso. Compreendo que seja chato, e difícil de admitir por haver muita pobresa envergonhada mas o facto é que não trabalha quem não quer. Claro que há exepções, no interior é muito mais difícil, mas eu vivo nos arredores de Lisboa e os meus amigos são também todos de Lisboa e arredores. Quando eles, ou apenas conhecidos, me dizem que não arrajam trabalho, levam logo com o meu mau feitio.

E digo isto porque existem dezenas de Empresas de Trabalho Temporário, que pagando mal ou bem, na realidade, pagam. E isso é o que importa. Em vez de eu lhes estar a pagar dos meus impostos, grandes quantidades de dinheiro para milhares de pessoa trabalharem em “nada”, isto é, ficarem em casa a coçar os tomates, as pessoas que se façam à vida, porque afirmo e sei que em Lisboa, não trabalha quem não quer… ou quem não pode, mas a isso já lá vamos.

Eu fui uma dessas pessoas. Há alguns anos fui dispensado do meu primeiro emprego, a recibos verdes, no qual trabalhava numa loja de material para deficientes visuais, a Tiflotecnia.

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Mal saí, nem demoraram cinco dias. Arranjei o emprego que toda a gente não quer, telemarketing e vendas. Vendi durante um ano o Cartão de Crédito Citibank, agora adquirido pelo Barclays. Até foi alvo da criação de um tópico que ocupa o top nos mais comentados no meu blog: …

Fiquei lá um ano e como as bases de dados e as zonas para onde vendia estavam muito massacradas decidi despedir-me. Passado quase um mês, fui para a PT Contact.

Agora a PT Sales, antigamente a PT Contact, foi o sítio onde da minha vida profissional gostei e gosto mais de trabalhar. Bom ambiente, bons colegas, e o ordenado dá para sobreviver. Cerca de 600 euros por 8 horas. Claro que também trabalho por conta própria, nunca deixei os recibos verdes, o que me permite fazer uma vida mais ou menos.

Continuando a falar da PT Sales, vendi produtos da PT durante quase dois anos, até que recentemente foi para o BackOffice, basicamente é fazer o follow up das vendas. E cá fico, até me quererem por lá ou até eu não me sentir bem por lá.

Esta é a minha história.

Esta é a história de alguém que luta, e de alguém que pegou num trabalho que pouca gente quer, que pouca gente gosta, que muita gente critica,  mas que há sempre gente que o faz.

Esta é a história de alguém que se perder o emprego, ganha outro, seja qual for, seja onde for. E que acima de tudo nunca se contenta com o que tem, pois eu sou ambicioso.

E a moral desta história é a mais simples de todas: na maioria dos casos, só não trabalha quer não quer.

Posto isto, anuncio que se alguém estiver interessado num part-time de 4 horas por 300 euros no “trabalho que ninguém quer”, a fazer vendas, e acima de tudo a fazer alguma coisa pela sua vida, que me contacte pela página de contactos do site.

Acredita que o trabalho não cresce nas arvores.

Infelizmente também existem pessoas que não podem trabalhar, sobre isso já falei no blog, mas se é um caso de deficiência sobretudo devem começar pela OED a vossa procura de trabalho. É mais difícil, mas não é impossível.

Rui