O spam do ClickSummit

É muito mau quando uma conferência sobre vendas online "vende" o próprio evento de forma irregular.

Rui Cruz
Criado a

Olá.

Para mim, o spam é como a chuva. Se eu estiver na rua e estiver a olhar para umas nuvens escuras grandes que se aproximam, não vou armado em homem forte tentar que as nuvens fiquem onde estão e não me afectem. O spam é a mesma coisa: estou na net, logo há spam. Simples, certo?

 

No dia 3 de Fevereiro de 2017 recebi um e-mail assim (prestem atenção ao campo “To”):

Recebe novos posts por e-mail

Bom, como nunca tive um e-mail Cruzmail@ruicruz.pt e a coisa intrigou-me (mas tenho um forward-all no domínio para o meu mail pessoal) decidi responder. Normalmente não respondo ao spam, mas desde que vi este vídeo passo a fazer isso quando tenho tempo. 🙂

A coisa podia ter ficado por ali. Mas não. Recebi uma resposta desadequada:

Analisando esta resposta, suponho que:

  • Eu fiz um contacto pessoal com o Frederico Carvalho há uns tempos de um e-mail que não existe;
  • Quando se identificam perfis profissionais interessados numa coisa, o que se deve fazer é mandar mail não solicitado;
  • Ele (pessoalmente) não me vai voltar a contactar.

Pronto, fiquei livre de mais uma lista de spam. Só que não. 

O problema nestas coisas de spam – mas algo completamente legítimo – é que onde cabe um e-mail de spam numa lista, cabe um e-mail de spam em várias listas. É que mais tarde a 27 de Fevereiro, recebi uma mensagem a “oferecer-me” uma t-shirt para o mesmo e-mail que não existe. Este e-mail não vinha do Bruno Ribeiro com domínio fredericocarvalho.pt mas sim do Frederico Carvalho com domínio do clicksummit.org:

E lá vinha o cruzmail@ruicruz.pt, mas desta vez vinha lá o meu nome, “Rui”.

Portanto, associei que:

  • O Bruno com o e-mail @fredericocarvalho.pt “partilhou” o mail do qual não me ia incomodar com o Frederico Carvalho do ClickSummit (que, obviamente, se trata da mesma “entidade digital” ou que o Frederico tendo como funcionário o Bruno esqueceu-se de não me incomodar mais ou ainda que o Bruno é que – apenas e só pessoalmente – não me ia incomodar;
  • O meu e-mail com o qual nunca comuniquei continua a ser usado para spam;
  • Nunca subscrevi newsletters nem em clicksummit.org e se o fiz em em fredericocarvalho.pt foi certamente com um mail válido e nunca para uso deste modo.

Qual é o problema afinal?

Bom, o problema nem é tanto o spam em si mas quem o envia. É que para entrar neste ClickSummit que é um mega show de vendas (que, também se fazem por e-mail) é preciso “diar” metade do ordenado mínimo nacional (220EUR + IVA). E como sei isto? Bom, é que antes do mail de Fevereiro, afinal o ClickSummit já andava atrás de mim (e do meu mail falso) há meses…:

 

Assim, em resumo:

  • Um e-mail de proveniência duvidosa é usado por dois domínios para me enviar correio não solicitado;
  • Os dois domínios pertencem à mesma pessoa, na prática;
  • O ClickSummit é um evento de vendas, e é na minha opinião um péssimo exemplo para quem quer vender ser conotado com o envio de e-mail não solicitado;
  • O ClickSummir é assim visto por mim como spammer – e é suposto alguém ir “aprender” neste evento?;
  • Espero que depois deste post removam TODOS os e-mails *@ruicruz.pt de todas as listas, de todos os servidores, associados a quem quer que faça a gestão destes dois domínios.

 

Eu não sou de fazer queixinhas. Alias, há coisas na vida que me preocupam bem mais. E no caso do spam, nunca fiz queixas a não ser uma vez, quando a Comissão da Carteira Profissional de Jornalistas fez um envio de e-mail não solicitado. Isto foi em 2014. Estamos em 2017 e ainda não há resposta.

Portanto, fazer queixa por violação da Lei n.º 46/2012, de 29 de Agosto à Comissão Nacional de Protecção de Dados é uma perda de tempo. Eu tenho, literalmente, mais que fazer. Mas só as multas que isso dá, dava para arruinar um ClickSummit.  Se não têm paciência para ler a lei toda, aqui está um bom resumo.

 

“Se todos fazem, porque é que eu não posso fazer” podia ser um bom mote de fecho deste post. Mas não vale tudo na era digital. Não vale, mesmo.

 

Rui